Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

domingo, 23 de maio de 2010

A história do Amor


Ao meu Amor Roulien Bohrer,
sem o qual não há Sol,
não há Vida.

Fim de sábado, prenúncio de um lindo domingo de março! Com águas, findava-se mais um verão. Era o prenúncio de um outono particular, suscitando nova gestação em mim, fazendo-me retornar ao pó para renascer em um novo e cintilante Sol, que anunciara sua chegada há tempos. Porém, devido à cegueira que há muito me aventurava ensaiar, só percebi seu advento após ter permitido baixar a maré de um braço-de-mar bravio e cinzento.

Era sábado, início de um lindo domingo de março! Aceitava eu, resignadamente, a passagem de uma estação cálida para outra, morna, crendo que a amargura seria inevitável. Mas, ascendia Ele, generoso, cortês, influente, caridoso, companheiro, iluminando tudo, banhando-me a alma com seu licor de calor e miraculosa graça. Permiti, então, que em mim fixasse morada, pois, deste modo, renascer seria conseqüência inevitável e vital daquela respeitável estação:

Neste sábado, começo de um lindo domingo de março, Sol chega faceiro, cumprimentando sua dama com o afã de uma madrugada bem vivida, em que comemorava mais uma importante vitória de sua vida, utilizando todo o seu talento para seduzir a Dona que, desde então, não mais permitiu ser outra. 

Permaneceu, discorreu meia dúzia de versos, e ousaram, enfim, o tão esperado, e inevitável, ósculo. Junto com ósculos, amplexos, afagos, cheiros...

Então, nesse prenúncio de domingo, deu-se o casamento dos dois: Sol, sem pedir licença, injetou em Dona a mais alta dosagem de Luz e Calor que fora capaz e, com a chuva que caía dentro da menina que dançava dentro da menina, fez brotar uma imperiosa aliança entre eles: um reluzente arco-íris unia-os, agora, para sempre.
O tempo passou. Outonos chegaram... Partiram... E, ainda hoje, Dona de seu Sol, Sol de sua Dona, continuam tecendo manhãs e entardeceres de diferentes estações. Mesmo após uma breve separação, porém longa para o Amor, permanecem firmes, alimentando o brilho do formoso arco-íris.

Os deuses contam que não há no mundo história de Amor tão triste como essa, e que o Criador encarregou-se, pessoalmente, de passar uma borracha nos entremeios dessa narrativa. Porém, outra notícia se espalha no Olimpo: as dores existentes nessa passagem foram obstáculos impostos pela vontade, nunca contrariada, do próprio Zeus. Objetivo: colocar os dois jovens à prova de si mesmos para empreender, ao final, o triunfo do Amor. Resultado: Sol e Dona, enfim, fundiram-se, formando uma única representação. Amor é seu nome, propagar sua voz ao mundo, a grande responsabilidade. Não há meios de mudar o final. Esgotaram-se as possibilidades de rejeição deste Sim, now.

Hoje, firmes em um nó, Sol e Dona bailam, brincam, brindam o silêncio, a paz, a alvorada, os entardeceres... Adormecem a cada noite. Renascem a cada dia, exultantes de alegria!

Sorte? Talvez, pois não são todos os escolhidos para embarcarem em uma missão tão importante. Estava escrito? Crê-se também, tendo em vista que tudo fora tão divinamente encadeado que, às vezes, assombra-se quem realmente conhece tal biografia. Contudo, o que verdadeiramente importa é o fato de esta porta aberta, uma vez aberta, não poder mais ser cerrada e que Divino é o Amor, que tudo suporta e em tudo espera resignada, consciente, decididamente.

Com muito, muito Amor,
Isa Resende.

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