Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

domingo, 30 de setembro de 2012

A resposta do tempo



A resposta do tempo é a mais sábia de todas. Vem como acalento quando menos se espera. Sim, ela aperta o coração, mas, no fundo, sabe-se que o consolo virá, em forma de mais tempo, realizações ou, mesmo, de fim.

Mas o fim é afastado das possibilidades, pois a vida não separa a vida instalada antes da vida dada: aquela que não se conhece, que antes se vive inconscientemente.

Tempo, tempo, tempo, com suas formas, dores, provas cores, danças, temores... Continuarei confiando em ti, que nunca desampara o justo, o sentimento puro, as boas intenções.

Nem batalhas horrendas, nem poços sem remate me farão desacreditar de sua onipotência e justiça.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Perder alguém


Posso sentir pesar sobre mim a dor do outro; porém, jamais sentirei como ele.

Eu posso disponibilizar palavras, abraços, um ombro amigo para aconchegar um pouco o coração aflito, mas a dor não é, e nunca será, minha. 

Realmente, o que consigo sentir é o desejo de não precisar sentir dor semelhante, pois a dimensão inimaginável dela é algo que amedronta, repele.

Diante da perda,  não há nada suficientemente bom para confortar aquele que perdeu; apenas o tempo, paradoxal gigante que devora a vida.

Encarar a morte poderia ser muito mais fácil se fôssemos educados para entendê-la como a parte mais natural da vida. 

Realidade é: tratando- se de alguém insubstituível, de nada adiantaria. 

Isabela Resende