Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Este é para os Amigos


Nunca fui de procurar demais as pessoas, pois respeito o espaço, as muitas tarefas e a necessidade de isolamento que muitas vezes podem sentir em meio a tanta agitação e urgências. Na verdade, esse respeito vem de uma análise bem particular, pois minha vida é exatamente assim e me cansa tanto que, quase sempre, ao terminar tudo o que preciso fazer, o que mais quero é ficar um pouco só e respirar, para não explodir injustamente. Não mudarei enquanto não conseguir ter uma rotina menos agitada, mas, se vier a mudar, não será tanto, pois tem a minha natureza também nessa cara.

Para muitos, pessoas assim não têm profundidade nas relações que constroem. Porém, em minha concepção, laços verdadeiros estão muito além do contato incessante; são construídos com base em confiança e cumplicidade especiais, certificadas por situações submetidas a provas com resultados extremamente positivos. 

Sou meio bicho mesmo, e não escondo, e também um tanto mordida por meus pensamentos, tendo, portanto, necessidade de colocá-los em ordem de forma rotineira. Por ser exatamente assim, quando saio da toca, saio inteira e pronta para desfrutar o melhor do outro e dar o melhor de mim, o que sempre resulta em reencontros únicos e verdadeiramente agradáveis com pessoas que escolhi para denominar Amigos. E se são sempre as mesmas é porque nos cativamos, sem tirar nem colocar nada. Se algumas se foram é porque o formato não sustentou a base; tinham de buscar suas afinidades.

Hoje, em período de férias, poderia estar me movimentando lá fora ou papeando com alguém, mas escolhi refletir e colocar no papel o que estava me cutucando, pois esta é uma das armas que tenho de organizar a alma e as ideias. Se não fosse assim, talvez estivesse sentindo uma grande solidão e um arrependimento danado por não ter lutado para ser diferente.

Mas, Amigos, como aquariana que sou, recuso-me a ser corriqueira e oferecer a vocês uma amizade comum. Vocês merecem palavras certas nas horas certas; ouvidos e atenção direta quando estivermos juntos; uso e abuso de meus ombros nas situações mais difíceis. Digo isso porque compartilhar alegrias, prazeres e companhias; dizer o que gostariam de ouvir é muito fácil, e tudo o que é fácil vai embora rápido. O que eu quero não é parecer, mas ser, estar, ficar, permanecer e continuar com vocês do lado de dentro, principalmente; não basicamente no peito, mas exatamente à esquerda dele, ao contrário da mesmice, do padrão, do que se esvai com o tempo. Quero, de fato, ser alguém com quem possam contar e recontar as vezes em que puderam contar. 

Com Amor,

Isabela

domingo, 26 de outubro de 2014

A RELAÇÃO ENTRE O QUE EU ENSINO E O MUNDO DO TRABALHO, DA CIÊNCIA, DA TECNOLOGIA E DA CULTURA

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio orientam que as disciplinas escolares atuem de forma a tecer relações com o mundo do trabalho, da ciência, tecnologia e cultura. Nesse sentido, teoricamente, deve ser a partir das ferramentas por elas oferecidas que os alunos deverão ter condições de compreender melhor tais aspectos e identificar a interferência deles na vida prática. Contudo, integrar o que se ensina em sala de aula a saberes mais amplos é essencial para que a escola cumpra o seu papel sine qua non de fornecer ao aluno uma educação mais ampla, que, de fato, faça sentido para ele, contribuindo para sua formação integral e o exercício pleno da cidadania.

O ensino de Língua Portuguesa sob a perspectiva das Diretrizes

O trabalho com a língua materna nas escolas é de extrema relevância para a prática educativa, visto que todos seus instrumentos pedagógicos culminam na leitura, produção de textos e em situações discursivas[1] que, para ter validade, necessitam do bom desempenho (uso) e do nível de competência (conhecimento)[2] linguísticos dos educandos.

A Língua Portuguesa, cujo trabalho está intimamente relacionado à leitura, interpretação e escrita, é uma disciplina elementar na busca pela qualificação do educando e de sua inserção no mundo do trabalho, devido ao constante estímulo à criticidade, à busca por informações, análise de conteúdos e interpretação do mundo que o cerca. Quando os alunos reconhecem a importância de assumir uma postura crítica diante da realidade, há o aflorar da consciência cidadã, que os permite enxergar seus direitos e deveres, assim como a capacidade de intervir direta e indiretamente na vida prática.

A necessidade de uma nova perspectiva para o Ensino Médio

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais, o trabalho, a ciência, tecnologia e cultura são eixos que devem nortear o currículo escolar do Ensino Médio, o qual deve ser capaz de oferecer sentido às disciplinas e aos saberes como um todo. Acredita-se que, a partir dessas inter-relações, promover-se-á melhor apreensão crítica das ideias que orientam a vida. Contudo, enquanto educadores, nosso compromisso vai além da mera perspectiva de preparar os alunos para o mercado de trabalho e mundos diretamente atrelados a este, mesmo sabendo que vivemos em uma sociedade que afirme tal necessidade como sendo primordial. 

Uma proposta inovadora de Ensino Médio deve passar pela reestruturação curricular tradicional, de forma que esteja menos voltada para a formação competitiva, repetitiva e fragmentada e mais focada no auxílio à descoberta de novas possibilidades, saberes e potencialidades, para que os alunos sejam capazes de descobrir  e conhecer o mundo e a realidade que os cercam, clarificando seu papel enquanto cidadão. Além disso, deve primar pelo estímulo à descoberta de talentos individuais e à busca por alternativas a uma vida menos focada no ter, e mais no ser.

A meu ver, o conhecimento deve ser mostrado como alternativa para libertar os indivíduos, e não subjugá-los; deve ser uma ferramenta que não tenha como fim a padronização e o acúmulo de capital, mas a abertura de possibilidades para uma vida mais plena e feliz. Do contrário, a escola permanecerá estagnada e nós, educadores, continuaremos embebidos na angústia e frustração por não vermos frutificar as transformações pelas quais devemos ser motivados a caminhar.

Acredito que seja pela conexão entre o que aprendem no ambiente escolar e o que recebem na vida prática que os jovens terão mais chances de encontrar alternativas que lhes deem a oportunidade de fazer aflorar novos pensamentos e aspirações e, consequentemente, de se tornar agentes no mundo e atuar nele de forma mais consciente e ativa e menos submissa.

Nesse sentido, a proposta de um Ensino Médio não pode ser homogeneizada e padronizada por prescrições curriculares, mas, sim, adequada às realidades de cada comunidade e pautada na aprendizagem por meio de ações que contemplem, além da perspectiva de integração curricular, a abordagem de conhecimentos diversos, a valorização das experiências de vida e a promoção de atitudes que culminem na formação integral do indivíduo, estimulando a criticidade, o amadurecimento, a descoberta de suas aptidões e a autonomia de pensamentos e ações. 





[1] Entenda-se, aqui, texto e situação discursiva, segundo Bakhtin, como evento dialógico interacionista. In: KOCH, I.G.V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.
[2] Trata-se dos conceitos de competência e de desempenho, segundo a Gramática Gerativa de Chomsky. In:PERINI, M. A. A Gramática Gerativa: introdução ao estudo da sintaxe portuguesa. Belo Horizonte:Vigília, 1975.

Eu não voto em Aécio


Tudo bem, gente. O Brasil ainda precisa melhorar muito, mas não vai ser com a volta do PSDB que isso irá acontecer. O PT ainda não é a saída para a transformação que precisamos e poderá até perder a eleição por causa dele mesmo, e não pelo fato de o PSDB apresentar melhores soluções.
Aécio representa uma política para grandes empresários, e não para os pequenos e médios e, muito menos, para empregados; ele representa o recuo do Estado da vida social; o aumento do desemprego; a omissão da transparência; a repressão ao grito do povo.
Com todos os problemas, o PT ainda conseguiu reduzir o abismo social entre as elites e as camadas menos favorecidas. Pelo menos que eu saiba, não tem nenhum rico ou milionário em meus contatos que possa se sentir tão confortável em escolher votar no PSDB de Aécio. Acreditar que a reviravolta para melhor irá acontecer assim é assinar um atestado de incapacidade enxergar o óbvio.
É angustiante e desesperador pensar que o país está à beira de um estrago ainda maior e que os (ir)responsáveis são os mesmos que depois irão às ruas, na cara lavada, protestar por um país melhor.
Nosso tempo é precioso demais para ser desperdiçado desta maneira, e as demandas urgentes não podem mais esperar.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Prisão mental


Quanto mais Zazá mergulha em seus pensamentos, mais sente que precisa adentrar com tudo nesta empreitada dolorosa feita de sentimentos que imperam, minando a razão, migrando-a para um vazio tão grande que se sente incapaz de sair dele. Chega a pensar que a saída não existe, e que tudo o que construiu foi a partir de escolhas que não eram suas essencialmente, mas de uma parte de si que abomina a essência e os reais desejos que lhe imperam na alma.

Por quê? A resposta não é simples nem definitiva, mas perpassa pela abominação de um eu puro e de uma biografia, para ela, irrelevante. Um ego absurdo que, de fato, adoece-a e prende em um abismo profundo e sem perspectivas.

Que Deus proveja mudanças e retornos misteres sem dor, pois prefere a morte a ter de pagar o preço.

E quem não prefere?

Quanta prepotência sua imaginar que Deus está somente ao seu lado...

Sua arrogância fede longe.


sábado, 14 de junho de 2014

Saudade


A saudade é um sentimento cretino, e envelhecer se torna um tanto penoso também por causa dela, pois nos faz reconhecer um campo vasto de poesias arraigadas tão profundamente na alma que acabamos por enxergar em muitas coisas lirismos que nunca existiram no passado relembrado. Assim, na velhice, nossa lista de dores ganha o item mais sofrido de todos, por ser o único que não pode ser curado com medicação concreta.

Mas coitada da vida se não fosse este adereço denominado “poesia”, aflorado por letras, melodias, saudades, fotografias! Esse lirismo modifica cores, cheiros, vibrações, e, por causa dele, somos motivados a querer continuar prosseguindo ou voltar e caminhar tudo de novo, pelas mesmas estradas ou por rumos diferentes.

Reticências


As fases da vida precisam ser vividas uma a uma, para que seja mais viável construir um futuro menos cheio de culpas. Contudo, uma coisa é certa: sempre haverá saudade das etapas em que sérias responsabilidades não eram empecilhos ao bom aproveitamento das estações e um arrependimento eterno por não as ter aproveitado mais.

Intensidade não é sinônimo de completude; ao final, permanecerá o desejo de reviver algumas fases muitas vezes, pois as brechas para acertos e repetições serão sempre numerosas. É um jogo complexo, xadrez, com finais sempre culminando em quadros ricos em interpretações e contemplações.

Viver, para mim, é a maior demonstração de amor e caridade de Deus por nós; é tão bom que, quando vejo alguém perdendo tempo com coisas que não valem a pena, tenho vontade de apresentar ludicamente os prejuízos que esse desperdício poderá representar no futuro. Sinto pena, mas cada um precisa se dedicar a sua caminhada da forma como vê e sente, e ninguém tem o direito de interferir diretamente em tarefa tão séria. É preciso continuar, portanto, seguindo do jeito que dá.

sábado, 3 de maio de 2014

Alguém que se aventura, na velhice, a escrever suas memórias


Aventuro-me na tarefa de buscar memórias para guardar. Não que eu tenha pretensão de que sirvam como inspiração ou exemplos a serem seguidos, mas por gostar de histórias e da história em si; por enxergar que a vida não é apenas uma questão de viver, mas de nascer e renascer, diversas vezes, ao longo dela, numa constante tessitura. É nesse balançar de cabeça que tudo vai se esclarecendo e encaixando, ganhando forma e mais vida pelo tom de poesia acrescentado à intensidade dos sentimentos que moram nas recordações. Nesse embalo, os episódios compõem uma narrativa perfeita, com direto a catarses, cores, formas e trilhas sonoras.

Na velhice, mais do que em qualquer época de nossa caminhada pessoal, somos caçadores de lembranças de estações que estejam longe da proximidade do fim. É a fase do check-up, que sonda como foi a existência e o que fizemos dela. Há, sim, beleza na idade, mas há também fragilidade, pelo pesar de não haver ao menos o mesmo tempo para gozar de tudo novamente, com a mesma, ou ainda maior, amplitude.

Encontro-me mais ou menos como Manoel de Barros diz: “meio dementado e enxada às costas, cavando, no meu quintal, vestígios do que fui”. E deparo-me com um homem repleto de experiências desbotadas pelo tempo, mas profundamente realizado na memória e no coração. Descubro o riso onde não cabia; embargo o choro da saudade; deixo que as palavras deslizem pelas frases que remeterão às fases da minha trajetória, numa viagem intensa e cheia emoções para uma alma ansiosa por permanecer, ainda por muito tempo, em um corpo.

Durante o tempo de recolhimento para escrever minhas memórias, pude me certificar, de fato, que só é possível enxergar beleza nas etapas da vida à medida que vamos envelhecendo, e que a temporada mais bela de todas é, sem dúvida, a infância, por ser o início de tudo e o momento em que soltar a alma não é uma decisão e, sim, uma questão de ser, natural e simplesmente, assim.

Certa vez, li, em algum lugar, a seguinte passagem:

"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome dado, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que acabaram”.

Vivi intensamente esta bela fase. Fui uma criança bem resolvida e cuidada; brinquei muito; aprontei bastante; fiz grandes amizades; fui feliz; tive atenção e carinho. Recordo-me da infância com muito respeito e zelo. Mas foi preciso crescer. 

sábado, 5 de abril de 2014

Quem disse que ser autêntico é fácil simplificou demais o processo


Seria tão bom se colocar a alma para falar fosse tão simples quanto respirar... É um universo tão vasto, rico em mistérios, poesias, vontades, livros maravilhosos... Mas o constante reflexo de bloquear esse baú de segredos cansa o corpo, trava a mente, faz falhar o coração, e a única alternativa que parece haver é sair da carcaça para usufruir plenamente desse recinto.

Quem disse que ser autêntico é fácil simplificou demais o processo e tratou a complexidade como sendo tão simples quanto falar.

Da janela, olho um lindo dia me convidando a raiar junto com o sol, mas o corpo, a mente e o coração, cansados, aniquilam a ação.

A infância traz saudade porque a alma pode guiar as ações sem medo; na vida adulta, a alma cala, torna-se vadia e dissimulada.


Fecha um ciclo na vida de Zazá


Vocês não imaginam a saudade que Zazá vai sentir do cantinho que lhe proporcionou tantas coisas necessárias, que só ela pode compreender! A menina retornará ao começo, aonde foi possível conquistar bagagem para chegar ao fim de onde sairá hoje. Mas voltará com histórias novas, repletas de magias e sonhos jovens para compartilhar com pessoas especiais que, embora muito presentes em sua vida desde que se entende por gente, foram obrigadas a se ausentar para que ela tivesse um merecido tempo de pensar. 

Agora, também terá um bom cantinho para ficar, mas diferente: alternado com piques de meninos e meninas transitando pela casa; comidinhas da mamãe; papos com verdadeiros amigos e (tão esperados) reencontros com a paz! Afinal, ela também acredita: “a felicidade só é real quando compartilhada”. Por seguir sempre à risca suas crenças, não permitirá, pois, que seja diferente desta vez.

Ela é mesmo danadinha.


Como todo aquele que sai para se aventurar a realizar coisas na vida, a menina voltará para a casa onde passou todas as suas décadas, a fim de se reinventar e colaborar com sonhos alheios, aprimorando os seus (está tudo certo. É sempre assim que as coisas mais importantes são finalizadas na vida das heroínas. Em uma semana se recuperaram).

Volta triste, pelo apego às coisas boas que viveu lá, mas feliz, pela oportunidade mais linda que a vida pode dar a alguém que ousa ousar: aprender a reaprender para se tornar ainda melhor.

Abraça sua antiga casinha como a uma criança doce, mandando lembranças às recordações, e segue em frente, pois ela não é de estagnar.

Mandou beijo a todos e se foi, olhando adiante, sempre adiante!

Foi ser feliz!

(Ela voltará para me contar, e vocês saberão se houve sucesso ou não) ;)