Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

domingo, 24 de outubro de 2010

União mágica



Superamos manhãs, entardeceres e noites.
Ultrapassamos barreiras outrora intransponíveis.
Fugimos de muito do que fugia ao nosso controle.
Suplantamos cegueiras, mistérios e dúvidas.

O que agora virá para nos avaliar?
Será que o céu abaixo chegará?
É possível que o mundo estremeça?
É presumível que novos tsunamis aconteçam?

Sei lá...
Sou apenas sabedora de que quero gozar,
Viver a vida, deixando-a me levar
Ao melhor lugar que considerar
Ideal para contigo eternamente estar.

Se necessitar,
Mais montanhas quero ver brotar
Para galgar cada espaço em que pousar
E o gosto da vitória experimentar
Com o teu e meu corpo
E, enfim, aqui estar aqui para ver
Novos corpos nossa vida vivificar!

Quero ter você sempre em mim
Neste, naquele, em qualquer lugar!
Amo-te densamente mais
Do que suponho o que é amar!

Isabela Resende

sábado, 23 de outubro de 2010

Discrepâncias


Escureceu em mim o branco
E o negro, alvo se tornou.
O que gera tal discrepância
Senão a experiência adquirida?

O mel transformou-se em sal
E este, doce se tornou.
Oh, discordante interior!
Por onde anda teu rumor?

Faz-se impávido o horizonte
Que transmuta até a dor,
Conferindo-lhe experimentos
Que suscitam apenas amor.

Da guerra surgiu a cor
Que mais vigor acarretou
E detalhes ao ícone somou,
Fazendo brotar suave olor.

Sabedor de que compreende
Este espaço frio e quente,
Deixo-lhe um afago envolvente
Alternado com sorriso emoliente.

E, assim, a oposição
Ganha nova direção:
O equilíbrio, menos tensão,
Banha de calma esse coração!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Faltou, sim, conjugar


Faltou, sim, conjugar
O mais complexo dos verbos:
Amar.

Eu amo
Tu amas
Ele ama

Nós amamos
Vós amais
Eles amam

Eu amo.
Tu amas?
Ele ama.
Ela ama.

Nós amamos.
Vós amais?
Eles amam.
Elas também.

Eu amo.
Tu não amas,
Mas ele, sim,
E ela quis amar
Não pode, contudo, na ideia embarcar,
Pois o julgo imperou em seu lugar.

Uma chama queria inflamar
Um mundo que almejava rebentar
Para em gozo se permitir deliciar
E completar aquele ardente lugar.

Fingiremos, pois, que amamos
Para podereis também amar,
Pois com exemplo se consegue lugar
Para com crédito fiado levar.

Se a vitória estiver em conquistar
O amor em teu cerne e cravar
Que o mundo ame, sim,
Sem fim a rumar,
Para que haja um doce lugar
Onde todos possam entrar
Para de carne e pão se fartar
E almas conseguir transformar.

Assim, multiplicar-se-á
O maior dos antídotos que há:
O amor, o amar
Além do céu,
Além do mar!

Isabela Resende

A importância do antes


Há um sujeito que grita,
Procurando um espelho que reflita
Sua imagem e semelhança esquisitas
Para acalmar a dor que depreda.

Há um marco que densamente habita
O cerne da alma que brada
Atenção para toda a gana
Que lhe consome o sono e os dias...

Há um abismo que fielmente preserva
A diferença entre o meu e o teu nome
Para zelar por almas que dependem
De nosso centro imperando neste leme.

Há um segredo a ser revelado:
Teu bradar será sempre sufocado
Por teus medos e dores que originam
Destempero,
Vaidade,
Rechaço.

Há um pedido simples a ser feito:
Tenha cuidado, sujeito,
Palavras vêm e não retornam...
Atitudes cravam e não desmontam...

Cuidado, indivíduo!
Pensar, somente antes de atacar.
Do contrário,
Caminho reverso não há.

Isabela Resende

Verbalizar


Sentir
Falar
Ferir
Perdoar (?)

Sentir
Pensar
Ponderar...

Aquietar
Amadurecer
Serenar...

Proferir
Acrescentar
Salvar
Elevar...

Multiplicar
Somar
Diminuir
Dividir
Resultar:
Transformar...
Amar!
Isabela Resende