Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O resto é resto...

Posto que a noite brilha
E o silêncio clama reflexão...

Posto que o fogo consome
Lembranças vãs,
que vêm e não se vão...

Há um vago mundo
Por onde clamo a razão...
E uma dor lenta afaga meu peito
Como punhal e pena em meu coração.

A verdade hoje sei:
Não fui, não sou, nem serei santa não...

Mas o martírio de outrora me fez Senhora,
dona de minha emoção.

E não mais fartará como pão
Minha lapa de misérias e mistérios,
Pois não sou mais a mesma não.

Consisto-me forte e leal,
Comigo, com meu irmão,
Visto que aprendi a ser
A voz que comanda o coração.

O resto é resto, mais nada
E nele será posto concreto
Para que o mundo abjeto
Seja, enfim, resíduo manifesto.

Isabela Resende

A vitória do tempo


A certeza se foi...
O incerto se abranda...
Chega manso como um gato,
Exigindo cautela e tato...

O inimigo me queimou
Com seu fogo criador
E uma certeza em mim deixou:
Mais belo e franco que ele,
Só o amor!

Graças a ti hoje sou
Tua face reluzida em meu voo...
Tua façanha de outrora
fogo em mim ateou.
E queimar-me por inteira?
Não funcionou.

Encontro-me a todo vapor,
Embebida em mim, com louvor,
E teu feito hoje somou
Maturidade, paciência, frescor.

Acima de mim, o céu,
Abaixo, as flores do campo,
Ao lado, a alma que a minha encontra,
Atrás de mim...
Teu clamor.

Passou, ser errante, passou...
E, como tudo passa,
O céu, o seu, passará.
E, se a amarra de outrora ousar chegar,
Aqui estarei, nova em folha,
Gloriosa para desatar.

Quer apostar?

Isabela Resende