Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A busca


Sei que em algum lugar há
A paz que necessito sentir,
O brilho do infinito a cintilar,
Refúgio certo para o coração se alojar.

Sei que onde busco é impossível
Obter o que é, de fato, preciso,
Ser feliz, sem exceção...

Sei que estar no escuro é carecido
Para valorizar o que é sólido,
Dizimar o vazio sórdido,
Dissipar o conflito aborrecível.

Onde habito haverá sempre lugar
Para todo e qualquer um estar,
Mas almejo a porta menor,
Aquela estreita, apertadinha,
Onde, para se encontrar,
Muita peleja é imperativo enfrentar.

Por onde começar?
Aonde retornar para revitalizar
As forças tão necessárias para lutar
E matar os leões que nos fazem caminhar?

Isabela Resende

Buscando a perfeição


A perfeição me convida a visitá-la,
Mas se nega a fornecer-me endereço.
Onde mora esse espectro? - pergunto-me.
Em que mundo reside ao certo?

E um senhor me responde firme:
Para alcançá-la, necessitas um norte
Que apure teus sentidos, teu fado.
O mestre, tua busca escolhe.
Cabe a ti embarcar e aceitar a morte.

Que morte, senhor, que morte?
Como viver e, ao mesmo tempo, morrer?
Não compreendo, faças-me entender!

Essa morte está em renegar-se,
Abandonar tudo o que nos prende,
Para seguirmos em frente, e, destarte,
Descobrir terras além, distantes.

Isabela Resende