Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Cidadão do mundo

A Guilherme Moraes da Silveira, 
grande referência para minha vida, 
a quem sou grata por me ajudar a reconstruir 
a minha jornada!
Transcender limites,
esbanjar ternura,
transportar muralhas.
escancarar bravura...

Oh, peregrinar,
errar em busca de um tudo
que não se resume, pois,
em um vão, parco reduto!

Largas aspirações
benquistas sem cansaço
em busca de um fim
bem longe de um só regaço...

Cidadão do mundo,
que repudia limites,
idealista és
e também otimista,
ativista,
longa vista,
alta crista...

Abata as diferenças,
que jamais serão
meras coincidências!

O universo é seu mundo
e o mundo, seu fim.
Limites, portanto, não há
se for para, enfim,
o alvo acertar.

Quando tempo levará?
Ah, para ti jamais importará,
visto que o fim maior será
o bem comum a prosperar!

Estou contigo e não nego.
Mas se um dia negar,
açoite-me para acordar.

Entenda isso como prece,
pois aquele que padece
sem cobiçar algo maior
nega sua maior utilidade:
trabalhar por um mundo melhor!

Cosmopolitamente,
Isa Resende

terça-feira, 27 de julho de 2010

Quem me dera... (pensamento)



Gostaria de poder viver de olhos fechados para não ser consumida pelo poder desse mundo, com seus açoites materiais, velocidade por demais e tudo o mais. Se pelo menos uma parte de meu dia pudesse ser vivida no escuro de minhas entranhas, que bom seria! Um remédio para o mal surgiria e tudo, enfim, renasceria!

Isabela Resende

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A importância de estar bem acompanhado


Há quem diga que “em boca fechada não entra mosca” ou “às vezes é melhor ficar quieto e deixar que pensem que você é um idiota do que abrir a boca e não deixar nenhuma dúvida”. Porém, alguns eventos são dignos de explanação, mesmo que, a priori, sejam interpretados como maledicentes, aos olhos de quem não estava presente no momento em que ocorreram. Mas...
Mário limpava seus óculos. Esther, imersa em seus trabalhos manuais, até então, mal notara a presença do marido na sala. A noite seguia fria, tranquila, sem maiores preocupações. Já tinham colocado em dia a conversa habitual, sem novos eventos, pra variar, e ausentes de quaisquer rebuscamentos e aprofundamentos em questões que, aos olhos de muitos, mereceriam maior saliência. Reunidos na sala há mais de uma hora sem interromper o silêncio que abrasava o ambiente:
- Mário, não lhe incomoda esse marasmo? – proferiu Esther.
Assustando-se com aquela voz estridente em meio à tranquilidade, respondeu o marido em tom irritadiço:
- Bem... Até onde minha parca sabedoria me permite compreender, o silêncio só incomoda àqueles que não têm o sossego necessário para contemplar o que há de mais belo na calmaria, que é a possibilidade de reflexão e de abertura de portas para enxergarmos o que realmente necessita ser percebido: nós, IN-DI-VI-DU-AL-MEN-TE.
- Ah! Falta de assunto agora virou sinônimo de reflexão... Desculpa para tudo se encontra, meu caro! Vejo que nem de amigo posso chamá-lo mais.
- Às vezes, querida, o silêncio é o melhor amigo de quem busca vasculhar seu sótão para organizá-lo. Além do mais, você reclama de falta de assunto mas não traz nada de novo para contar, além de achaques da vida alheia ou as máximas da última novela da Globo! Como queres que eu embarque nas viagens que somente a ti aprazem?
- Arrogância agora tem outro nome, Mário?
Depois dessa, foi-se Esther fazer o que fazem todas as pessoas em situações calamitosas: dormir no lugar mais quente da casa.
A ausência de individualidade, discussões, reflexões, trocas de experiências afetou seus modos de ser e enxergar o mundo e a vida. Descontrair, celebrar a juventude de seus espíritos, na galante companhia de um tanto de bebida e cigarro, não era mais cunho aprazível daquela relação.
Porém, “trezentos” anos de vida a dois só pode ser mesmo rico e prazeroso se a união tiver sido firmada entre seres que, acima de tudo, apreciem e necessitem estar sós para rever e descobrir novos mundos e, então, compartilhá-los com outros mundos.
Para tanto, há apenas uma moral: que unamo-nos, pois, a alguém com quem, antes de mais nada, apreciemos conversar, visto que, ao findar-se a magia da juventude, restarão ainda algumas grandes preciosidades: lembranças e uma boa companhia para permanecer ao lado até o fim de nossos dias, seriedade com a qual deve ser encarado um casamento.

Feliz ou infelizmente, é o que no momento compreende
Isa Resende

Palavras jogadas ao vento (acróstico)


Poder que, uma vez lançado, não mais retorna intacto.
Antídoto contra o bem e o mal, sem bem utilizado para tal.
Leque de amplas possibilidades.
Abre-caminhos para mentiras e verdades.
Viril é seu poder, quando letal.
Real é sua força quando um ser invade.
Amizade é seu nome, quando leal.
Sem limites é seu peso, quando fatal.

Jocoso é seu tom quando feridas afunda.
Odioso é seu título quando almas deprava.
Grandioso é seu sentido quando em um ser inunda
Aquele lado obscuro que ninguém se aprofunda.
Doloridas suas feridas se seu peso sorve
Almas aladas carentes de sorte,
Sofridas com a dor de qualquer morte.

Ao seu poder não se basta render.
Observai-as, pois, para nascer e renascer.

Vender-se um bocado delas,
Entranha-se um incidente: a falsa modéstia.
Não proferi-las, pois?
Tolo quem crê em tais desculpas esfarrapadas e
Odiado será para sempre no reino das almas iluminadas.

Instinto maternal


Ventre que pulsa,
entranha que clama,
pandulho que convulsa,
instinto que chama...

A vida se convida
para em mim pulsar...
O que impede, pois, a cria?
Ah, tenho que trabalhar!

Canal e mente abertos...
Relógio comanda o tempo...
Já não é hora de brindar
um breve novo advento?

Sim, claro!
Mas coragem é para poucos...
Necessito um chão maduro
para embrenhar-se comigo no jogo
onde apenas um vencedor reinará!

Mãe, palavra doce,
que me convida a palavrear
sobre o que sinto em mim hoje:
anseio esse sonho realizar!

Boneco ou boneca,
não importa o que virá,
careço experimentar
um ser dentro de mim pulsar...

E tudo o mais não implicará,
pois o sentido se instaurará
e o mundo vibrará
encorajando-me a lutar.

Vamos, amor, amar,
amar e mais amar...
Se esse sonho se realizar,
o restante se fará...

Pois a vida é sempre bem-vinda
e o mais é pura sorte...
Quem comanda, portanto, esse norte?!?
O mesmo Ser que comanda a morte!!!

Renúncia de mim,
de ti,
de nós...

Pensando bem, amor, é cedo ainda!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A magia de respirar


Com a respiração certeira,
um frescor se aproxima
para organizar a cocheira
que de ousadia se ilumina.

Sentir o ar nas entranhas
é como remédio que apanha
todas as dores do mundo
e as transforma em artimanha.

Presa fácil, outrora,
não mais simplória torna-se
sua mente clarifica agora,
sua existência,
mais fácil se contorna,
pois pacifica-se
e, no milagre, fita-se.

Breve vida,
bandida
leve bebida,
curada ferida...

Após ser refletida
pelo ar que desemboca das narinas
ganha viço, existência,
história,
estória,
biografia!

Um brinde a esse presente
Que vida se chama, simplesmente!

Com vigor,

Isa Resende.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O maior dos presentes


A vida é um grande presente,
pra ser visto pouco a pouco
pra que seja consistente,
pra que seja bom ser louco.

Isabela Resende

sábado, 10 de julho de 2010

Destino



Por mais que tentemos acertar o alvo que consideramos preciso, se não obtivermos a permissão divina para tal, todas as flechas não passarão de palitos toscos para capturar aperitivos. Nunca se findarão as preliminares. Nunca se alcançará o clímax.

Liberdade

Erro o alvo.
Acerto o olho.
Perco o chão.
Enlaço-me ao velho.

Canta, canta, razão,
Senão lhe dou um bofetão.

Quero o novo,
sorriso abrasante,
contagiar seres errantes
com alegria ardente.

Canta, canta, razão,
Senão lhe dou um bofetão.

Autenticidade, sorte.
Liberdade, morte
à vida daqueles
que almejam apresar a minha.

Canta, canta, razão,
Senão lhe dou um bofetão.

Acerto o alvo,
descanso em terra firme,
Chega-me o novo...

Eis que canta a pobre razão,
com olhos roxos e sem dentes.
Mas...
Feliz!
:)

Ai, pelica que pinica!

Com luva de pelica,
um tapa na faceta,
um balde de água fria,
corta-tudo poda vida.

Coração bandido,
tu és mesmo vagabundo.
Ousa, aquieta-se.
Sossega, impõe-se.
Acerta, contém-se.
Vira mundo...

Confusão fatigante,
Vício cruciante,
Clamor extenuante,
Petição desmoralizante.

Ame-se, deleite-se consigo,
pois no abrigo do inimigo
não se pode encontrar asilo.