Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Esses olhares...

Seus olhos espiam os meus e os cantam,
encantando-os com brilho arrebatador.
Porém, que mistério é esse que domina seus olhares,
que ora afasta, ora puxa;
ora repugna, ora repuxa;
ora reprime, ora adula os meus?
Se os olhos são espelhos da alma,
então por que não consigo enxergar a tua?
Se pensar e saber são menos importantes que olhar,
então por que tento penetrar fundo em sua mente?
Será pelo fato de não conseguir enxergar tua alma?
Será porque não me sinto capaz de decifrar teu olhar?
Será que me preocupo demais com o que não é tão relevante?
Será que perdeste, ou perdermos, a capacidade de (nos) amar?
Ah, incerteza inquietante!
Dissipe-se logo. Vá embora!
Não adianta!
Sinto punhaladas fatais com suas manias de olhar:
ora duras, ora maduras;
ora sensíveis, ora incompassíveis;
ora satisfeitas, ora indescritivelmente infelizes....
Quero aquele olhar que me colocava nua.
Ambiciono aquele tal olhar que me enfrentava sem desvios.
Apetece-me aquele olhar que me protegia, abrigava do frio, do medo...
Essas mudanças mudaram tudo!
Então, o que resta agora?
Apostar na incerteza de um amanhã mais feliz
e arriscar, assim, minha juventude?
Não sei.
Só sei que, contudo, careço padecer nesse olhar,
que me tira a razão, levando-me à submissão completa
e à mais pura falta de pudor para lutar por ele.
O que improvisar, então?
Orar?
Esperar?
Lutar para o tempo passar bem rápido e a resposta, enfim, chegar?
Não suporto mais orar, esperar, lutar para o tempo passar...
Pois orações sem fé, nada adiantam;
esperanças ansiosas não surtem efeito;
e o tempo... Ah! Esse não se pode reger.
Então, o que fazer?
Apostar em quê?
Na paciência de sofrer?
No nascer e renascer de cada dia?
Em um insight?
Ajude esse coração aflito!

Isabela Resende

Um comentário:

Obrigada por sua postagem!
Um beijo carinhoso,
Isabela Resende