Nem sempre sinto a profundidade de um poema como experimento a dor;
Nem sempre a amargura do outro é a minha própria;
Sou covarde, vaidosa,
tive medo de ficar só,
do que poderiam pensar de mim,
de não me aceitarem como sou,
de não ser feliz sozinha...
Tenho desejos, busco prazeres;
Não acredito tanto mais no amor,
mas ainda gosto de ler e escrever sobre ele,
a dor, a nostalgia...
Já me achei diferente por ter uma voz;
usei roupas estranhas para me sentir parte do grupo;
achei-me esperta por ter feito curso "superior"...
Almejo conquistar bens materiais,
aprender a dirigir, estudar o que ainda não consegui...
Por essas e outras, realmente não dá para crer que eu sinta
pena dos doentes, esfomeados, favelados,
desabrigados, prisioneiros, refugiados...
De fato, não é possível crer na minha dor humana,
no meu diálogo superficial,
em minha retórica aborrecível...
em meu pensamento “além”...
Mas uma certeza me conforta:
somos iguais na desventura,
na imperfeição, na desumanização,
naquilo que se arreda de nós,
inclusive urina, fezes, suor, orgasmo...
Isabela Resende
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por sua postagem!
Um beijo carinhoso,
Isabela Resende