Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
(Caetano)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O bradar de Racha Muda


Atontada em suas fissuras,
pois coitada foste sempre,
Racha Muda refletia
sobre suas excitações,
decidindo expor ao mundo
umas poucas profanações:

as finas flores mirraram,
e espinhos, pois, restaram...
Será a estação enregelada?
Serão os verões adoecidos?

A todo momento é fato:
crenças se desmistificam.
Tudo o que mordaz se sente,
vazio, por demais, transcende...
É culpa da estação embrutecida?
É dolo da infância adormecida?

Caminhos se acasalaram...
Já não há mais livre arbítrio...
Será a frigidez da estação?
Crivos reprimindo o coração?

Amor, por caridade!
Atenção, por amizade!
Carinho, por necessidade!
A mão, por solidariedade!

Somos irmãos, afinal?
Somos comparsas, por sinal?
Oh, universo animal!
Para que tantos rodeios
se um simples aconchego
faz-se muito para um leito
que possui uma rija história
e unicamente um pleito:
seu peito,
onde me deito e,
suavemente...
adormeço.

Ao raiar de todos os dias,
imposta em mim sempre deleito
com tão sublime enleio
de um parcimonioso coito
atravancado pela ausência de...

Tempo!

Amor, por caridade!
Atenção, por amizade!
Carinho, por necessidade!
A mão, por solidariedade!
E não somente seio...
greta...
embocadura...

Essa afável contextura
não talha fina moldura.
É forçoso um algo mais
para apregoar tal cercadura:

Amor, por caridade!
Atenção, por amizade!
Carinho, por necessidade!
A mão, por solidariedade!
E não somente picadura.

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Isabela Resende